Finalmente. Demorou mas foi.
Eis que é chegada a hora da sociedade informada. De uma sociedade de indivíduos letrados, que preferem passar os seus curtos momentos antes da morte na companhia de um monte de folhas de celulose coladas ou cosidas entre si, em vez de os passarem ansiosamente envoltos em anedotas brejeiras e de «cocktail» na mão, ou regados de álcool e de urros de fanatismo futebolístico. Parece mentira não é? Pois parece mas não é. Muitos escritores terão escrito sobre isto, no entanto duvido que algum tivesse realmente acreditado que algum dia isto fosse possível. Mas só não consegue quem não insiste, e ao preço que os livros andam, as editoras/distribuidoras têm mais do que razões para insistir, e não há de faltar muito para que a cultura do bestseller consiga aquilo que parecia impossível.
Esta "febre de sexta à noite" fez-me passar pela cabeça, aquelas situações tão frequentes numa sociedade que despreza o conhecimento, que o despreza por inveja e o maltrata quando não é acompanhado de reconhecimento económico e social. E despreza-o porque na hora de escolher entre o conhecimento ou o reconhecimento, a escolha é óbvia para a maioria. Mas a escolha nunca lhes é suficiente, além dos insultos, ainda gostam de opinar sobre as matérias académicas dos cursos menos reconhecidos, transformando-as em senso comum, nomeadamente ciências sociais e direito, tanto que toda gente hoje em dia parece gostar de ser historiador ou advogado, mas não deixaria de ser engenheiro se isso implicasse não ter o BMW estacionado à porta.
É esta forma de pensar culturalmente correcta, em que o que interessa é ler, nem que sejam as receitas de culinária ou os "ingredientes" do papel higiénico e aqueles cinco livros que forram em quantidades industriais a entrada das livrarias de Lisboa, especialmente nos centros comerciais, que vai gerar o verdadeiro Homo Sapientis alimentado a livros transgénicos. Aliás como também o novo ser índigo, espiritualmente superior que agora também anda por aí, mas isto é outra história.
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