quarta-feira, abril 16, 2008

Manifesto anti-moral e sinteticamente (faria se fosse por extenso).

Manifesto anti-moral e sinteticamente (faria se fosse por extenso)

Por Inês Mariz que nem poeta é, quanto mais Tudo.




A moral é uma chatice.

A moral é uma obrigação.

A moral faz-nos caminhar pelo caminho

Que escolhemos como sendo aquele

Que queremos ou que achamos correcto,

Mesmo quando não temos coragem

De assumi-lo.


Morte à moral. Morte: PUM!


A moral é uma piroseira.

A moral usa pontos de exclamação!

A moral enfeita-se de sentimentos nobres

Numa época em que a nobreza

Já passou de moda.

A moral é um espelho

Que nos retrata tão fielmente

Que em vez da imagem catita

Que cumprimenta a vizinha do lado

(que por acaso tem uma filha bem bonita

e o marido é director de uma empresa de serviços

no Chiado)

E que paga a prestação do carro a tempo e horas

Como um cão fiel a lamber as botas do dono,

Eis que surge no espelho

Por virtude dessa puta da moral,

O nosso verdadeiro rosto:

Uma tenra e alva maçã light

Carcomida pelo bicho.

Sendo que o bicho só pode ser a moral

Porque nós ‘sermos’ corajosos e grandes

E politicamente correctos,

E ‘usarmos’ sapatos de salto alto.


Bicho? Mata-se a peçonha, mata-se já: PUM!


A moral é uma coisa tão ‘cota’

Que até dá consciência.

Sem moral até parece que somos livres…

A moral é uma prisão!

A moral agrilhoa-nos ao dever

De sermos superiores aos outros bichos,

repteis, e insectos rastejantes.


Abaixo a moral, abaixo!


Abaixo assinado,

A moral abaixo dos nossos pés.

Que ela nunca mais se levante,

Nem se sinta senhora do seu nariz,

E em vez de orgulho, sinta vergonha.

E nós cá de cima, a brilhar,

no nosso trono de lantejoulas baratas

com um prato na frente de carneiro com batatas, se fosse no século dezanove,

mas como é agora, serve feijoada na ponte.


Abaixo a moral, abaixo! – PUM!


A moral cheira mal dos pés

de tanto insistir em caminhar descalça.

A moral já nem dinheiro tem para comprar

Um par de sapatos.

Ela bem que podia ser rica.

Mas a desgraçada tem a arrogância

De se dar a ares de desprezo

Ao Sr. João mestre da grande loja,

Dos sapatos, claro está.


Fora com a moral. Fora. Uhhhhhhh


Por ser velha como a velha

Que cosia meias - Que coisa fora de uso! -

A moral tem macaquinhos no sótão,

E pulga atrás da orelha

E desconfia sempre

Da boa fé das pessoas.


Vivemos num tempo,

Em que tudo está tão invertido,

Que até a moral que antigamente era conservadora,

Tornou-se revolucionária.

A moral é um perigo.


Morra a moral morra. Pum!


(Do original, "Manifesto anti-dantas" que Almada de Negreiros escreveu. Inês parodiou).

3 comentários:

PintoRibeiro disse...

Morra. Viva a Ética, PIM!

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

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