sábado, março 29, 2008

"No que concerne às explicações que estão na base desta situação de desemprego em massa e desemprego de longa duração que afectam a União Europeia de um modo geral, o economista João Ferreira do Amaral (Instituto Superior de Economia e Gestão, Lisboa) apresentou cinco causas: a insuficiência de procura de bens e serviços, a globalização e consequentes deslocalizações empresariais, as facilidades de aquisição de empresas e consequentes cortes maciços de pessoal, o progresso técnico e a obsolescência da qualificação, muitas vezes em consequência dos avanços tecnológicos."

Geração E

Parece uma coisa bonita, mas depois de ler o artigo acho que não leva mesmo mais do que um E.

"São poliglotas, multiculturais, viajam como nunca, trabalham onde calha [...]" (e quando calha)
"Os jovens adultos estão a reinventar a identidade europeia. Para os que contam menos de 35 anos, as fronteiras, as relações, os estudos e a carreira têm agora a dimensão de um continente. Discreta mas aceleradamente, nasceu uma nova geração na velha Europa."

Tão discreta que até parece um daqueles projectos soviéticos da guerra fria.

O artigo do Global Noticias continua assim:

"Esta esplanada está cheia de gente. Sobressaem duas raparigas dinamarquesas, que conversam animadamente com uma francesa. Depois repara-se, na mesa ao lado, uma grega e um alemão estão a trocar piropos anglófonos. Uma checa combina encontro com amigos portugueses para essa noite, do outro lado da rua. E dentro do Webcafé, uns metros acima, uma sueca e outro alemão comunicam com amigos via messenger, cada um na sua língua."

Até aqui tudo bem.

"O cenário é a rua do Diário de Notícias, no lisboeta Bairro Alto, num fim de tarde tarde de Junho. Mas bem podia ser o Soho, em Londres, as Ramblas, em Barcelona, Prenzlauer Berg, em Berlim, ou Andrejsala, em Riga."

Ena! Tudo igual, isso é uma maravilha.

"Há muitas torres de Babel na Europa. O velho continente está a rejuvenescer (Ahahah!). Nos últimos anos, as cidades europeias encheram-se de uma multidão internacional, jovem e cosmopolita, que fala várias línguas (É verdade, mas pelo que vejo não são línguas europeias. Crioulo e português brasileiro talvez.) e está curiosa com o que as demais culturas podem oferecer. Viajam, trabalham ou estudam fora, projectam-se no quotidiano dos países onde vivem, recusam ser catalogados de turistas ou emigrantes."

Ninguém gosta muito, ser imigrante (ou emigrante) não é uma coisa muito "chique".

São os novos europeus, que comunicam cada vez mais entre si, ouvem as mesmas músicas (e ouvem as mesmas músicas que os americanos, e que africanos, e que os indianos, etc.), vêem os mesmo filmes (idem) e ambicionam propósitos semelhantes."

Claro, mas quem é que não quer ter um carro, uma casa e uma carreira. Não é preciso andar no Erasmus para isso. Além de que isto, dos jovens por serem europeístas, querem experimentar e viver novas experiências é uma falácia. Todos os jovens enquanto são jovens querem isso. O problema vai ser quando deixarem de ser jovens, e já não apetecer-lhes andar por aí de mala às costas. Mas também se resolve, a UE é capaz de providenciar a juventude eterna se for preciso para levar a cabo os seus intentos.

"'Queremos novas experiências, abertura de espírito e muita mobilidade'", assegura num português irrepreensível Simona Holejsovska, checa 29 anos, a viver há quatro em Portugal. O anseio é transversal, estende-se da Península Ibérica aos Cárpatos. Há uma geração em movimento."

Faz-me lembrar aquela geração dos anos 60 que também andavam em movimento à volta de Lisboa, só que estes não gostam de ser vistos como fracassados. Curiosamente a maior parte das pessoas que conheço que foram para o estrangeiro é porque não arranjaram trabalho cá. Talvez daí o desprezo pelas culturas nacionais dos respectivos países, como se pode ver a seguir.

"Sinto-me mais europeia do que francesa", diz Julie Perrinot, 25 anos. Nasceu em Paris, estudou em Espanha, trabalha em Lisboa. A sua opinião ainda não é a dominante, mas está a impor-se no seio da União. Grosso modo, os cidadãos da UE privilegiam a sua identidade nacional, mas segundo uma sondagem da revista norte-americana Time, publicada em 2001 antes dos ataques de 11 de Setembro, quase um terço dos alemãos, franceses, britânicos e italianos com idades entre os 21 e os 35 anos concordam com Julie. Em Itália, esta taxa ultrapassava na altura os 40%.

"A Europa acumula um máximo de diversidade num mínimo de espaço, não podemos esperar que os valores nacionais se apaguem de um momento para o outro", diz Jan Figel comissário europeu para a Educação, Formação, Cultura e Juventude. "No entanto, a tendência na geração mais jovem é que a identidade europeia seja um complemento ao patriotismo."

Nem mais, porque é que a UE anda a gastar dinheiro a por estes jovens a circular? Ou melhor a girar. Claro está, para erradicar esse cancro que são as identidades nacionais. Gostava de saber, pergunto eu inocentemente, porque querem construir uma identidade europeia, para nos proteger de ameaças externas? Aquelas mesmas que também andam a ser financiadas pela UE para se fundirem com a identidade europeia? Claro que não, deve ser outra coisa. Dizem os malucos que não é deste planeta o inimigo da UE.
Mas já agora o que é a IDENTIDADE EUROPEIA para o Sr. Jan Figal?

"Aqui há holandeses, espanhóis, ingleses, portugueses, italianos, até um cipriota. Europeus. (não percebi esta frase. Europeus ponto?, de certeza que não tinha a ver com os turcos cipriotas, é que duvido que este artigo venha dizer que os turcos não são europeus.) Bebem copos e dançam ao som de DJ's que todos reconhecem, venham de ondem vierem. Usam ténis All Star (Uau!, ;) são de marca), calças largas para eles, apertadas para elas, t-shirts surfistas ou camisolas com frases em inglês. Dois tipos comentam um concerto de uma banda sueca na Alemanha - e são irlandeses. (Deviam estar a discutir a nobreza baritonal do vocalista). Uma rapariga eslovena pede uma amêndoa amarga ao balcão."

Ainda bem que tenho uma identidade nacional, assim não fico triste porque não ter uns ténis All Star ou por não saber pedir uma amêndoa amarga em esloveno.

Diz o senhor Stefan Wolff de uma universidade qualquer em Inglaterra, que muito bem podia ser no Porto ou em Milão.

"Pela primeira vez na história, estamos a semear um futuro verdadeiramente continental". Ou seja para bem ou para mal, a UE anda a manipular a identidade dos povos europeus.

"Acredito que, nos próximos dez anos, emergirá desta geração um novo tipo de líder político, com uma ideia de plena socialização na Europa e uma visão global das reformas." Será um tipo de Lili Caneças politico-europeizada. O novo líder europeu, que nem gosta muito de politica, prefere andar a beber uns copos e contar anedotas em inglês no bairro alto, pode não ter muito jeito para a coisa, mas ao menos estará em grande estilo com os seus ténis All Star. Esperemos que não sejam tão nefastos como estes.

Um jovem E diz uma frase bonita: "Trabalhar numa equipa com pessoas de várias origens ensina-nos a ser eficientes e competitivos. Além de ser uma experiencia pessoal extremamente rica, porque nos coloca uma série de desafios pessoais. Isso também é um traço dos jovens europeus: gostam de aventura, precisam de se experimentar."

Ora isto é bonito mas não quer dizer nada. Ao menos que tivesse avançado alguns casos concretos.

Em suma, não são maus rapazes, mas isto da geração E parece-me uma coisa muito oca. Não dou mais do que um E. Mais preocupante é sim o interesse e a urgência da UE em acabar com as verdadeiras identidades europeias.

Quem é que disse?

"Houve uma autêntica lavagem do cérebro dos portugueses, uma campanha maciça terrível que levou os portugueses a acreditar..."

Distribuição do Islamismo

Alguém quer marcar no mapa os conflitos?

Fitna

Não são só atentados terroristas como a "boa" comunicação social do costume quer fazer entender, as execuções perpetradas por estados islâmicos, onde vigora a lei deste maldito livro, e que são estados reconhecidos internacionalmente e que não podem ser considerados terroristas, também fazem parte do cardápio.

As culturas desses povos já foram completamente arrasadas pelos mandamentos deste livro, e agora, continuando as pretensões expansionistas do Islão, a Europa é o hospedeiro que se segue, e conta com a ajuda de muita boa gente que está mortinha por vender a Europa a troco das suas frustrações pessoais.

O filme se falha é só mesmo em não conseguir evitar estes "esquivanços" desta gentinha-do-meio-conto.

Originalmente publicado no liveleaks.com. O administradores do espaço tiveram de remover o filme por terem sido ameaçados. Não se sabe por quem, ou pelo menos eu, tenho dúvidas se foram islâmicos "fanáticos" ou multiculturalistas fanáticos.

Um dia triste para a Europa certamente, brevemente numa vila perto de si.

segunda-feira, março 17, 2008

O ser humano, os lobisomens e a morte das sociedades híbridas.

Parece que existe entre os humanos a impossibilidade de se reproduzirem sexualmente com outras espécies. Esta realidade que tem pautado a existência humana ao longo de toda a sua existência através de um certo bom senso consensual, parece actualmente estar prestes a ser posta em causa, senão mesmo totalmente abandonada, devido aos avanços da engenharia genética e à capacidade de produção em laboratório de seres híbridos resultantes do cruzamento de espécies naturalmente divergentes. A partir daqui e dependendo das vontades políticas que nos governam, poderemos tentar adivinhar o que será o futuro.

Contudo, não é tanto esse futuro quase circense de uma galeria de horrores que aqui nos interessa. Interessa-nos mais as histórias de lobisomens que povoaram o imaginário popular português nomeadamente do interior do país ate meados do século XX.

A questão aqui importante a saber é que tipos de função preenchiam essas crenças nos lobisomens. Os mitos dos lobisomens tal como todos os mitos em geral parece, além de tudo, preencher um espaço de reflexão. O que eles nos dizem é que determinados indivíduos se transformam em lobos durante determinadas alturas do mês, e que nessas alturas são particularmente perigosos para as pessoas e para a comunidade em geral. Daí resulta uma série de proibições implícitas resultantes do perigo que a comunidade e os indivíduos enfrentam (particularmente as mulheres), como seja a de saírem de casa depois do anoitecer pelo perigo de serem atacados por um desses seres monstruosos.

Ora que reflexões nos podem induzir estes mitos dos lobisomens? Primeiro e antes de mais, a situação da ambiguidade e marginalidade do ser humano que não é totalmente humano. Ou seja a ambiguidade do monstro de Frankenstein. Um humano feito com pedaços de muitos outros humanos. Que melhor metáfora podemos ter para o problema?

Todas as ambiguidades são objecto de reflexão mitológica. O texto mítico como que expressa uma reflexão profunda e colectiva, comunitária, sobre cada essas ambiguidades. E o caso do mito do lobisomem parece tratar-se de uma reflexão sobre as posições taxionómicas da espécie humana e das outras não-humanas, bem como sobre o espaço conceptual que cada uma delas ocupa de acordo com a ordem natural das coisas, ou seja, de acordo com o princípio de não cruzamento entre a espécie humana e as outras, representadas aqui pelo lobo. A ambiguidade aqui mantida pelo lobisomem, aquele que não é humano nem é lobo mantendo-se parte do primeiro e parte do segundo, é ela própria a essência da reflexão, sendo o mito o responsável pelo aviso do perigo eminente de tal ambiguidade, e pelo aconselhamento aos comportamentos correctos em vista à manutenção da ordem no cosmos.

Ora, as classificações onde os homens distribuem as coisas e os seres, são imensas, e prendem-se sempre com a questão da organização do seu universo numa tentativa de mantê-lo em ordem face aos caos ameaçador da estabilidade e da segurança.

O homem do campo sabe distinguir uma flor amarela de uma alface pela simples observação directa. Não precisa que um cientista lhe diga que são espécies diferentes. Ele sabe-o bem, pelo conhecimento da experiência que adquiriu ao longo da vida e daquilo que lhe foi transmitido pelos seus antepassados. Do mesmo modo o homem primitivo aprendeu a manter-se unido face às ameaças externas das tribos vizinhas. Ele aprendeu a preservar a sua identidade, as suas formas de ser, de estar e de fazer, tal qual os seus antepassados o tinham sido, feito e dito, porque disso dependia a preservação do grupo e a sua sobrevivência. Claro que haviam alianças, mas não com tribos diametralmente opostas, mas apenas entre tribos vizinhas. As alianças eram aliás uma forma da manutenção da paz e de defesa do território. As alianças feitas entre grupos através da troca de mulheres, estruturavam-se segundo uma rede de proximidade/distância conceptual que vai do mais familiar ao mais longínquo e onde a aliança se estabelece preferencialmente com o mais próximo, e evita-se com o longínquo. Trata-se de uma rede hierárquica de preferências para estabelecer a paz (aliança) ou a guerra, que é estabelecida pelo grau de maior ou menor proximidade conceptual em relação a outrem. Ora, mais uma vez aqui a questão da recusa e resolução da ambiguidade (reflexa no mito dos lobisomens de que falámos anteriormente, a respeito da taxionomia animal onde os humanos não se cruzam com outras espécies diferentes), é importante para salvaguardar a identidade dos grupos na medida em que não admite alianças com grupos conceptualmente distantes, preferindo-as com os grupos adjacentes mesmo a nível territorial. Criar alianças com o conceptualmente distante é inserir o “Outro”, o estranho, o bizarro, o perigoso, no seio da própria comunidade. Esta questão parece-me ser da maior importância, pois é a resolução e recusa da ambiguidade pela comunidade através do mito, e muitas vezes encenada no próprio rito, que catapulta o grupo a manter-se coeso permitindo-lhe a sobrevivência a todo o tipo de erosão da história ou mesmo corrosão, seja ela resultante de que tipo de ameaça for.

Estas ideias têm, como é óbvio, consequências no pensamento político. Agir contrariamente, a elas é agir contra a própria natureza humana testada e afirmada ao longo de séculos e séculos de história. Neste momento que urge pensar e agir à velocidade das máquinas, as ameaças são muitas. Talvez tenhamos no futuro de nos debatermos com toda uma sociedade híbrida. Hoje, de humanos híbridos tal como nos conhecemos ainda; mas, quem sabe, amanhã também uma sociedade de novos “lobisomens” gerados em laboratório pela engenharia genética, ou talvez ainda de seres, até agora apenas ficcionados pela ficção científica, que oscilam entre o homem-biológico e um homem-máquina. No fim de contas parece que a palavra de ordem, a tónica deste discurso político actual, é essa hibridez sempre aceite e sempre bem vinda por parte do poder instituído. Esta hibridez que não é mais do que a ambiguidade recusada e resolvida pelos mitos dos nossos ancestrais ao longo de toda a nossa história. O fim das fronteiras entre o “Eu” e o “Outro” conduz à morte tanto de um como de outro. A hibridez é o verdadeiro rosto da morte. Uma morte onde o que era já morreu, e onde se procura levantar uma nova identidade à escala global. Mas uma identidade global donde ninguém realmente se sente parte, por pura e simplesmente não existir uma cultura identitária mundial. Mais ainda, tal cultura global nunca poderá existir, por não haver alteridade no espaço cósmico aos seres do planeta Terra. A não ser que sejamos invadidos por extra terrestres. Só nesse caso poderia haver uma cultura e uma identidade à escala planetária. Parece-me pelo contrário que a evolução da identidade dos grupos, não vai ser tendencialmente para se alargar territorialmente, mas pelo contrário para se localizar em pequenos grupos territoriais mesmo que à partida o elo de união entre os seus membros não seja territorial. À medida que o discurso globalista integrador e provocador de ambiguidades híbridas for ganhando terreno, pequenas implosões identitárias dar-se-ão por toda a parte como forma dos indivíduos combaterem o isolamento e a solidão a que o deserto da pseudo-cultura global os remete. E dessas implosões locais criadoras de pequenos grupos de identidade, novas alianças se estabelecerão dando origem a grupos localizados maiores e melhor organizados. Não vivemos na Era do cidadão do mundo. Vivemos na Era da multiplicação dos grupos e da recusa do indiferentismo a que a globalização pretende remeter os indivíduos. Separado desses grupos, o indivíduo isolado não consegue sobreviver. Ficará no meio do fogo cerrado que acontecerá à sua volta sem que ninguém o proteja. A nova ordem já começou. A maior parte das guerras do futuro serão estas que as novas identidades traçam. Serão guerras de guetos contra guetos. E pouco mais restará da antiga divisão político-administrativa do território real do que guetos.

Resta-nos lutar desde já para que o antigo saber dos nossos antepassados regresse a nós e não se perca; para que esses mitos e lendas que pautavam a sua vida, voltem para nos ensinar aquilo que já os nossos avós aprendiam com eles – que a sobrevivência do nosso grupo depende inexoravelmente da nossa vontade de permanecermos unidos e coesos num só território, numa só língua, numa só voz.

domingo, março 16, 2008

Entrevista - Choque de ignorâncias

Fala uma das ignorâncias a respeito da outra, isto já lá em 2006, mas podia muito bem ser hoje.

Quando apareceu esta moda do esclarecimento que ilumina apenas alguns pensei que se tratava apenas disso mesmo, de uma moda, mas com o passar do tempo, algumas coisas saltam à vista. Como se vê nesta entrevista, trata-se de um estratagema ardiloso para fundamentar um hipotético conhecimento de causa do qual a maioria é desconhecedora, ora sendo mais de um quinto da população mundial muçulmana, é muito difícil que a maior parte das pessoas nunca tenham tido contactos directos com o islão, tal como é difícil encontrar gente que nunca se tenha cruzado com um chinês. Isto sem considerar o facto de que o islão é muito, ou foi até agora, mais expansivo do que este povo do oriente.
Esta moda começou por uma elite intelectualizada, mas logo se pegou aos papagaios que gostam de ficar bem, basta ler um indice sobre qualquer coisa na Wikipédia, decorar os termos técnicos, e logo se está habilitado pela santa ordem da luz do esclarecimento eterno e omnisapiente a chamar os outros de ignorantes, mesmo que não se saiba mais nada do que três termos dos quais se desconhece o conceito em profundidade. Há uns anos gozava-se com quem usava óculos para parecer mais inteligente, com a massificação das lentes de contacto isso desapareceu, mas outras modas como esta vieram ocupar o seu lugar.

Uma citação da entrevista.

"– Por que se ofenderam assim os muçulmanos?

– A caricatura do profeta Maomé que foi feita de uma maneira moderna porque naquele tempo não havia bombas. De facto, apesar de Maomé ter sido um guerreiro, não tem nada a ver com a situação presente, num momento em que tem havido ataques em particular dos Estados Unidos e de Israel a alguns países muçulmanos. Naturalmente que houve uma reacção excessiva em relação a um jornal cujo objectivo não era certamente ofender muçulmanos. Há de facto em tudo isto uma reacção também política."

Muita astucia na argumentação de trazer por casa que cala a boca a quem é esclarecido, mas no caso de um ignorante, pode provocar uma resposta do tipo: "Em que é que isso responde à pergunta?" Lembra-me o caso daquele agricultor alentejano nas alturas do PREC, que apesar de lhe explicarem os fundamentos do comunismo, não conseguia perceber como é que ia sachar as batatas se a enxada tinha de ficar nas instalações da cooperativa.

E outra

"
Alcácer Quibir os cristãos foram bem tratados quando ficaram prisioneiros."

Mais uma vez com a parcialidade se enganam "esclarecidos", então D. Afonso Henriques também não tratou bem os muçulmanos ao conquistar Lisboa, que dizer dos escravos europeus levados por muçulmanos durante as invasões. Os cristãos eram maus pois eram, mas os muçulmanos não são melhores.

Ora mas este senhor estudou tanto, é difícil não saber estas coisas.

Tudo isto devido à exposição da Gulbenkian: Mil anos de Esplendor do Islão na Gulbenkian, ena a Gulbenkian é mesmo velha :D, é que deve ter sido o único sitio onde se viu esse "esplendor".

Ora depois de tanto texto sobre papel bonito e caligrafias arabescas antigas, modernas, perdidas, enfim nada de interesse, papel carcomido, não se falou da mulher no islão, da liberdade, essas sim coisas esplendorosas. Quanto à exposição não a vou ver, quem for que diga de sua justiça.

terça-feira, março 11, 2008

Cuidado com os esquimós.

O Ártico aparece como a principal fonte de potencial conflito directo para os europeus.

Depois da política energética e das medidas adoptadas para diminuir as emissões de gases com efeito de estufa, as implicações das alterações climáticas chegam à segurança e ao pensamento geoestratégico da União Europeia (UE). Pressões migratórias, desestabilização de regiões com interesse estratégico para a União e conflitos em torno de recursos, nomeadamente com a Rússia, são alguns dos riscos identificados.

Afinal são os russos...
A UE parece que já quer preparar a desculpa no caso de haver guerra na Europa. Claro que no relatório o Islão não aparece como ameaça.

Entre as ameaças identificadas pontificam as deslocações de populações das zonas mais afectadas. O relatório remete para as previsões da ONU, segundo as quais em 2020 haverá "milhões de migrantes 'ambientais'" e salienta que a Europa "deve esperar um aumento substancial da pressão migratória".

Uipi! Mesmo a calhar. Pelo menos a imigração é fácil de justificar. Andam os europeus a ir para lá apanhar sol, e eles a virem para cá para fugir dele.

De resto, as regiões mais vulneráveis aos efeitos das alterações climáticas têm todas elas algum tipo de interesse estratégico para os 27, nomeadamente em termos de aprovisionamento energético.

E eu a pensar que eles se preocupavam mesmo com os pobres.