segunda-feira, julho 30, 2007

Praia Natal


Hoje deu-me um cheirinho a Natal e não foi por ter andando a fazer downloads ilegais de temas natalícios sem direitos de autor.
No prédio o mesmo do costume, até estive para sugerir umas obras de remodelação, com o intuito de tirar umas paredes e alargar o condomínio, pois a maior parte dos moradores vive mais tempo nas escadas do que em casa. A vizinha do segundo que vem à porta quando alguém sobe ou desce as escadas e depois inventa uma desculpa esfarrapada. Mas não foi isso que me fez lembrar do Natal, isso só me faz relembrar deste mundo em que as pessoas não têm espaço para viver, de jardins reduzidos, de espaços de passagem, onde somos empurrados, uns a seguir aos outros porque atrás vem sempre alguém e existe sempre uma fila com alguém à frente. Neste mundo os meus vizinhos têm de andar a conversar de pé nas escadas porque não há espaço nem tempo, para se sentarem na soleira da porta a passar "o bocadinho bem bom".

Pois então, como que raio é que fui lembrar-me do Natal num dia de 40 graus a meio do Verão? A resposta é óbvia. No sitio do costume. Que espaço é mais emblemático do Natal do que um supermercado?

A verdade é que fui lembrar-me do Natal porque já não haviam alfaces no supermercado, coisa estranha num dia normal porque até estava bem guarnecido de todos os outros tipos de vegetais, menos da dita couve. Ora só no Natal é que semelhante coisa acontece, e os estabelecimentos comerciais não conseguem dar resposta à procura dos produtos da época. Felizmente consegui encontrar outra alface na frutaria da dona Deolinda, a última, e para a qual a dona Deolinda, a julgar pela sua cara, já parecia ter planos.

Desta vez ganhei eu, mas ao que parece ainda há muito verão, e da próxima vez pode ser que não tenha tanta sorte.

domingo, julho 29, 2007

A Espiritualidade Ocidental

Se as conversas são como as cerejas, as ideias não lhes ficam atrás. A ideia referida no ultimo post da Biblioteca de Alexandria – O arquivista I, que supõe que mitos e lendas ficam marcados nas estruturas arquitectónicas das cidades (mortas e vivas) lançou-me num novo texto. Trata-se disso mesmo – da forma como o aspecto religioso e espiritual marca a materialidade, ainda que esta tantas vezes se escude atrás do puro materialismo, positivismo, cientismo, e outros ismos cuja fundamental função é retirar à carne o espírito, e fazer com que o barro se articule sem o sopro divino.

Ora, a sociedade ocidental é erradamente, e muitas vezes, conotada com esta materialidade desenfreada. Na verdade este materialismo é recente, e ligado à primeira revolução industrial iniciada no século XVIII em Inglaterra. A sociedade ocidental sempre teve a sua espiritualidade extremamente desenvolvida. Abundam em arquivos e bibliografia os mitos, as lendas, os contos populares das sociedades tradicionais do ocidente, embora estas estejam politicamente condenadas a desaparecer. O que quero dizer é que essas histórias e lendas, começam a deixar de ser transmitidas de geração em geração, por motivos que se ligam menos às crenças e vontades das pessoas do que à política dos governos que gerem a demografia, a economia, e a cultura do país em questão. Por exemplo, é sabido que os movimentos migratórios estão a desertificar o interior de Portugal. Ora não há cultura que resista num local onde as pessoas já lá não estão, onde os filhos estão num país, os avós noutro, os netos só conhecem o país de origem dos pais como o local de férias, e os bisnetos nunca saberão falar a língua original dos seus bisavós. Estamos a falar de um período de 100 anos no máximo. Em 100 anos nesta situação imaginem-se os valores (culturais e outros) que não se perdem. Agora imagine-se o que sucede em 300 anos. Mas não era sobre as consequências nefastas da emigração que queria falar, nem tão pouco da imigração que esse é um problema mais actuante nos grandes centros urbanos e que ataca de outro modo. O que pretendo falar é mesmo sobre a espiritualidade que o ocidente sempre teve e que continua a possuir. As marcas na materialidade ocidental da sua espiritualidade tão mal amada pelo poder. Este é o tema.

É certo: existe espiritualidade envergonhada no ocidente. As pessoas falam baixinho quando falam da sua religião (a não ser que pertençam à religião oficial do “reino”), têm medo de ser mal compreendidas quando falam de temas espirituais. É um facto. Tal como falam baixinho se algo as coloca no rol daqueles que não pertencem à maioria (as minorias são mal vistas. São criticadas, são silenciadas, são desmobilizadas, são esquecidas, são incomodas, são insubmissas e subversivas à democracia enquanto ditadura das maiorias e por isso quando são permitidas, são pelo menos mal toleradas pela “gerência”). A espiritualidade do ocidente continua a expressar-se como algo de que ele não consegue livrar-se apesar de todas as investidas politicas (vivemos num sistema de república laica) para que ela acabe de vez.

Nunca foram criados tantos mitos como na actualidade. Cada bem de consumo possui de valor mensagens codificadas que não são mais do que mitos veiculados pela publicidade e que o consumidor vai inconscientemente ritualizar ao adquiri-lo. Claro que este encantamento perde toda a magia quando o consumidor usa o bem pela primeira vez e denota inconscientemente que não atingiu o objectivo que estava patente na publicidade. E aí o bem perde o seu valor mítico para ser apenas um bem material para determinado uso, muitas vezes abandonado a um canto. É assim, aliás, que se faz aqui tanto lixo. Num outro plano, podemos ver que esta espiritualidade é no fundo um aproveitamento do materialismo para conseguir sobreviver. Quer dizer: a sociedade materialista de que fazemos parte, só sobrevive porque faz um aproveitamento parasitário da necessidade de espiritualidade do indivíduo – retirando-lhe a verdadeira espiritualidade fundada nos seus ancestrais e na sua cultura tradicional, acaba por criar o vazio espiritual necessário para preencher com os bens míticos de consumo que lhe pretende vender a troco de dinheiro ganho com a sua exploração laboral. Assim a espiritualidade não só não abandonou as sociedades ocidentais, como é ela que ingenuamente mantém e sustenta os seus regimes pseudo-democráticos e capitalistas.

Civismo

É uma palavra de ordem para forçar os indivíduos a adoptarem determinado comportamento quando existe um vazio legal que os obrigue a esse mesmo comportamento. Assim sendo, o solicitador, apela em último recurso para a moral do individuo, na esperança de o conduzir ao comportamento esperado.

Jihad

Luta para estabelecer a justa ordem politico-sócio-económica ordenada pelo criador de toda a humanidade e dada à humanidade pelo seu mais recente profeta Muhammad para trazer a paz e harmonia ao mundo; não deve ser considerada uma coisa má. in Gates of Viena

Definição normalmente empregue pelo mundo muçulmano e esquerda ocidental, como aquela que faz entrevistas na rtp1.

Errata
Onde se lê: mundo muçulmano, deve ler-se: radicais de orientação islâmica, por "recomendação" da UE.

sábado, julho 28, 2007

O Arquivista I

A BD dos belgas François Schuiten e Benoit Peeters, “O arquivista”, da série As cidades obscuras (publicação da 1ª Edição em Junho de 2003. Meribérica/Liber Editores, Lda.), fala-nos de uma espécie de misticismo que envolve uma série de cidades as quais irão ser redescobertas por um arquivista através dos documentos que analisa na sua profissão.

Tratam-se de cidades que não se encaixam nas coordenadas espácio-temporais do arquivista, e que obedecem a conceitos completamente místicos e misteriosos. Assim a personagem (e nós próprios com ele) mergulha no mistério de algo que só está ao seu alcance através de documentos bafientos que analisa como uma obrigação laboral e laica. Esta ideia não deixa de ser interessante, porque é pela rotina diária e chatices laborais laicas, ligadas ao quotidiano, (que começa com a entrega de um dossier), que a personagem descobre o mundo obscuro e místico de ambiência pró-religiosa. Embora o relate sempre com uma linguagem que só levemente deixa passar o espectro emocional e onde são escassas as adjectivações, é o próprio sarcasmo que dá o mote introdutório ao texto: “Caixas e caixas de documentos, um verdadeiro delírio. O pior é que todos os outros julgavam que eu tinha encontrado um trabalho bem remunerado. Uma sinecura… Que ideia!!” (p.6).

A crítica também é uma constante e perpassa o papel para se estender à realidade do próprio leitor: “A economia, as ciências políticas, as belas artes, são domínios que todos respeitam… mas “Mitos e lendas”, é uma disciplina menor, ridicularizada, até! Uma subsecção. Como dizem!”. Ora nesta frase não só o autor dá a indicação do tema da BD – “os mitos e lendas” – mas também o “arquivista” revela o seu descontentamento com o trabalho que lhe foi confinado – uma chatice sem reconhecimento sócio-profissional. Tanto assim é, que esta parte introdutória termina com a seguinte frase: “Não há nada como ver como somos alojados! Relegados para as águas-furtadas, como os párias, e com todos estes dossiers que é preciso carregar. Trinta e sete anos nos arquivos, para chegar a isto, é demais!”.

Portanto a obra começa com um “anúncio” feito pela personagem sobre as seguintes páginas. Mas trata-se de uma perspectiva de futuro que não é feliz à partida, sendo pelo contrário, algo que se avizinha extremamente trabalhoso, aborrecido e sem reconhecimento social. Ora, isto lembra-nos alguma coisa não? Nas nossas sociedades não será isto mesmo que se passa relativamente à maioria das funções que desempenhamos? O “arquivista”, de uma forma discreta, põe o dedo na ferida de alguns dos nossos próprios problemas sócio-culturais, apresentados de forma breve no Canto da Cotovia – o trabalho V.s reconhecimento social; profissões reconhecidas socialmente V.s importância e papel dessas profissões desempenhadas na sociedade; compromisso com o trabalho Vs paixão pelo trabalho; o misticismo Vs realidade; religiosidade Vs laicismo. Os mitos e lendas enquanto factores que ficam marcados nas estruturas arquitectónicas das cidades mortas; etc.

Nota de rodapé
Chegou o calor. Finalmente muita gente vai poder festejar depois de ter passado um início de ano a praguejar contra o frio e a chuva. Espero sinceramente que a casa deles arda com o resto da floresta do país que tem vindo a arder nos últimos anos. E se for possível que ardam também, pois não fazem falta nenhuma ao país.

quinta-feira, julho 26, 2007

Ministério da Justiça no Second Life

Bem, segundo o jornal de notícias Portugal vai ser o primeiro país do mundo a ter representação judicial virtual no second life. É um sinal de que o mundo vai caminhar no sentido das teorias de ficção cientifica sobre as realidades virtuais, pois Portugal é sempre pioneiro em matérias de justiça, certamente outros países o seguirão até ser pratica corrente e quiçá única.

É por estas e por outras que não ando pelo second life, pelo menos enquanto não for rechaçado para lá os meus passeios fazem-se pelo mundo natural. A internet só mesmo para troca de informação, nunca para satisfação dos sentidos.

terça-feira, julho 24, 2007

Citação
"Podia fazer o que é costume, mas como sabem isso não é meu hábito."

Paulo Portas - 15/07/2007

sexta-feira, julho 20, 2007

Auschwitz I

São os sinais do futuro genocídio da raça europeia que se adivinha.
Hoje num debate na rtp n, um dos participantes fez a seguinte afirmação a respeito da grave questão dos índices natalidade do país: "A solução não passa por evitar a queda da natalidade, mas sim por Portugal se esforçar em ser um país que bem acolhe portugueses, venham eles de onde vierem."
E termina com esta violenta bomba dos portugueses de todo o mundo, porque no novo mundo toda gente é de todo o lado. Claro que esta afirmação é provocatória, para todos aqueles que ainda não são subprodutos bem pensantes. Provocação porque estes mutantes pensam que estão já tão bem colocados, que não existe a mínima possibilidade de contestação às suas ideias, mesmo quando toda gente já se apercebeu da realidade negra que paira sobre natalidade portuguesa e europeia em geral. E também, porque dizer que os portugueses são de qualquer lado, é totalmente desprovido de verdade, de sentido e apenas pode servir para fins provocatórios ao débil sentido de nacionalidade que vai restando por aqui e por ali, nos que ainda vão resistindo contra estes abortos, que muitos deles infeliz ou felizmente, nem sabem que fins andam a servir, de tal forma que são manipulados pelo parasita ideológico, que qual alienígena dos filmes de ficção cientifica, habita nos seus corpos, mas que neste caso, lhes leva a pensar que são donos da verdade, e que todos os outros são parcos em esclarecimentos sobre estas matérias (como se tivessem nascido no século XVI, e eles como são especiais já nasceram no século XXI e receberam a luz da clarividência). Não sabem eles é que muitos do lado de cá são desertores do lado de lá.

Ocultas são as origens deste ódio, pois estas politicas não são originadas por uma indiferença quanto às questões raciais, mas sim por uma acérrima vontade de fazer desaparecer as culturas e raça europeias.

Nota positiva para o ex. ministro Bagão Felix, que tentou ainda rebater esta "ideia", mas que já não foi a tempo porque o programa estava no fim.

Eles andem aí

Nos últimos 12 meses, a detenção de Abu Omar al-Baghdadi foi dada como certa. A sua morte também. Mas o líder do Estado Islâmico no Iraque, o principal grupo sunita às ordens da Al-Qaeda naquele país, parecia ter uma capacidade excepcional para escapar ileso aos ataques dos americanos. Ontem, o porta-voz do exército dos EUA encontrou uma nova explicação para esse fenómeno: Baghdadi nunca existiu.

Quando o porta-voz do exército dos EUA descobrir que nada disto existe e que ele não passa de uma pilha para alimentar as máquinas é que cai redondo, em sentido figurado claro, pois o espaço físico também não existe.

Claro que estas voltas ao mundo também não existem, são só virtuais.

quarta-feira, julho 18, 2007

As discotecas e os bares de alterne que se cuidem

Várias livrarias estarão abertas à meia-noite de sexta-feira para que os admiradores de Harry Potter em Portugal se contem entre os primeiros em todo o mundo ler o sétimo e último livro da saga.

Será uma noite longa nas livrarias da Bertrand, FNAC e Bulhosa, cuja loja de Cascais vai organizar uma sessão especial dedicada a este lançamento no Museu da Música - Casa Verdades de Faria, no Monte Estoril.

Finalmente. Demorou mas foi.

Eis que é chegada a hora da sociedade informada. De uma sociedade de indivíduos letrados, que preferem passar os seus curtos momentos antes da morte na companhia de um monte de folhas de celulose coladas ou cosidas entre si, em vez de os passarem ansiosamente envoltos em anedotas brejeiras e de «cocktail» na mão, ou regados de álcool e de urros de fanatismo futebolístico. Parece mentira não é? Pois parece mas não é. Muitos escritores terão escrito sobre isto, no entanto duvido que algum tivesse realmente acreditado que algum dia isto fosse possível. Mas só não consegue quem não insiste, e ao preço que os livros andam, as editoras/distribuidoras têm mais do que razões para insistir, e não há de faltar muito para que a cultura do bestseller consiga aquilo que parecia impossível.

Esta "febre de sexta à noite" fez-me passar pela cabeça, aquelas situações tão frequentes numa sociedade que despreza o conhecimento, que o despreza por inveja e o maltrata quando não é acompanhado de reconhecimento económico e social. E despreza-o porque na hora de escolher entre o conhecimento ou o reconhecimento, a escolha é óbvia para a maioria. Mas a escolha nunca lhes é suficiente, além dos insultos, ainda gostam de opinar sobre as matérias académicas dos cursos menos reconhecidos, transformando-as em senso comum, nomeadamente ciências sociais e direito, tanto que toda gente hoje em dia parece gostar de ser historiador ou advogado, mas não deixaria de ser engenheiro se isso implicasse não ter o BMW estacionado à porta.

É esta forma de pensar culturalmente correcta, em que o que interessa é ler, nem que sejam as receitas de culinária ou os "ingredientes" do papel higiénico e aqueles cinco livros que forram em quantidades industriais a entrada das livrarias de Lisboa, especialmente nos centros comerciais, que vai gerar o verdadeiro Homo Sapientis alimentado a livros transgénicos. Aliás como também o novo ser índigo, espiritualmente superior que agora também anda por aí, mas isto é outra história.

terça-feira, julho 17, 2007

"Não sou profeta, mas Portugal acabará por integrar-se na Espanha"



"Este foi o regresso mais longo de José Saramago a Portugal desde que a polémica que envolveu a candidatura do seu livro O Evangelho segundo Jesus Cristo ao Prémio Literário Europeu o levou para um "exílio" na ilha espanhola de Lanzarote. A atribuição do Prémio Nobel parece tê-lo feito esquecer essas mágoas, mas não amoleceu a sua visão da sociedade e da História, que continua a ser polémica. Como se pode ver nesta entrevista.

Durante dois dias, o Nobel da Literatura português sentou-se no sofá e analisou o estado do mundo.

Na única entrevista que concedeu durante a temporada passada na sua casa de Lisboa, falou muito de política, mais de literatura e também da vida e da morte. Pelo meio ficou o anúncio da criação da fundação com o seu nome e a revelação de que está a escrever um novo livro.

A união ibérica

Este regresso a Portugal é um perdão?

O país não me fez mal algum, não confundamos, nem há nenhuma reconciliação porque não houve nenhum corte. O que aconteceu foi com um governo de um partido que já não é governo, com um senhor chamado Sousa Lara e outro de nome Santana Lopes. Claro que as responsabilidades estendem-se ao governo, a quem eu pedi o favor de fazer qualquer coisa mas não fez nada, e resolvi ir embora. Quando foi do Prémio Nobel, dei uma volta pelo país porque toda a gente me queria ver, até pessoas que não lêem apareceram! E desde então tenho vindo com muita frequência a Lisboa.

Vive num país que pouco a pouco toma conta da economia portuguesa. Não o incomoda?

Acho que é uma situação natural.

Qual é o futuro de Portugal nesta península?

Não vale a pena armar -me em profeta, mas acho que acabaremos por integrar-nos.

Política, económica ou culturalmente?

Culturalmente, não, a Catalunha tem a sua própria cultura, que é ao mesmo tempo comum ao resto da Espanha, tal como a dos bascos e a galega, nós não nos converteríamos em espanhóis. Quando olhamos para a Península Ibérica o que é que vemos? Observamos um conjunto, que não está partida em bocados e que é um todo que está composto de nacionalidades, e em alguns casos de línguas diferentes, mas que tem vivido mais ou menos em paz. Integrados o que é que aconteceria? Não deixaríamos de falar português, não deixaríamos de escrever na nossa língua e certamente com dez milhões de habitantes teríamos tudo a ganhar em desenvolvimento nesse tipo de aproximação e de integração territorial, administrativa e estrutural. Quanto à queixa que tantas vezes ouço sobre a economia espanhola estar a ocupar Portugal, não me lembro de alguma vez termos reclamado de outras economias como as dos Estados Unidos ou da Inglaterra, que também ocuparam o país. Ninguém se queixou, mas como desta vez é o castelhano que vencemos em Aljubarrota que vem por aí com empresas em vez de armas...

Seria, então, mais uma província de Espanha?

Seria isso. Já temos a Andaluzia, a Catalunha, o País Basco, a Galiza, Castilla la Mancha e tínhamos Portugal. Provavelmente [Espanha] teria de mudar de nome e passar a chamar-se Ibéria. Se Espanha ofende os nossos brios, era uma questão a negociar. O Ceilão não se chama agora Sri Lanka, muitos países da Ásia mudaram de nome e a União Soviética não passou a Federação Russa?

Mas algumas das províncias espanholas também querem ser independentes!

A única independência real que se pede é a do País Basco e mesmo assim ninguém acredita.

E os portugueses aceitariam a integração?

Acho que sim, desde que isso fosse explicado, não é uma cedência nem acabar com um país, continuaria de outra maneira. Repito que não se deixaria de falar, de pensar e sentir em português. Seríamos aqui aquilo que os catalães querem ser e estão a ser na Catalunha.

E como é que seria esse governo da Ibéria?

Não iríamos ser governados por espanhóis, haveria representantes dos partidos de ambos os países, que teriam representação num parlamento único com todas as forças políticas da Ibéria, e tal como em Espanha, onde cada autonomia tem o seu parlamento próprio, nós também o teríamos.

Há duas Espanhas

Os espanhóis olham-no como um deles?

Há duas Espanhas neste caso. Evidentemente, tratam-me como se fosse um deles, mas com as finanças espanholas ando numa guerra há, pelo menos, quatro anos porque querem que pague lá os impostos e consideram que lhes devo uma grande quantidade de dinheiro. Eu recusei-me a pagar e o meu argumento é extremamente simples, não pago duas vezes o que já paguei uma. Se há duplicação de impostos, então que o governo espanhol se entenda com o português e decidam. Eu tenho cá a minha casa e a minha residência fiscal sempre foi em Lisboa, ou seja, não há dúvidas de que estou numa situação de plena legalidade. Quanto aos impostos, e é por aí que também se vê o patriotismo, pago-os pontualmente em Portugal. Nunca pus o meu dinheiro num paraíso fiscal e repugna-me pensar que há quem o faça. O meu dinheiro é para aquilo que o Governo entender que serve.

Mas não pode negar que o olham como um deus...

Não diria tanto...

Mesmo sendo a crítica espanhola tão positiva em relação à sua obra?

Também já foi uma ou outra vez um pouco negativa - talvez devido às minhas posições políticas e ideológicas - mas de um modo geral tenho uma excelente crítica em toda a parte, como é o caso dos EUA, onde é quase unânime na apreciação da minha obra".

(Entrevista feita por João Céu e Silva, feita a Saramago publicada no D.N. online, de 15/07/2007


"Acho incrível como séculos e séculos de história pouco ou nada nos ensinaram. A opinião do Saramago não é exclusiva dele e infelizmente existem imensos portugueses com as mesmas ideias sobre o lugar subalterno que politicamente Portugal deve ocupar na Península Ibérica, face à vizinha Espanha. Mas nós já tivemos a experiência com o reinado dos filipes, e ao que parece nada voltou a ser o que era antes disso. Ainda falta saber se as melancolias saudosistas que actualmente se consideram erradamente o ex-libris da cultura portuguesa observada no fado essencialmente dos lisboetas, eram já existentes no povo português antes dos filipes terem cá reinado; ainda falta saber se as saudades do futuro com que se pinta a tela da cultura e identidade nacionais, enraizadas no mito do 5º império, cantadas pela expressão artística recente, são coisas realmente antigas da nossa própria identidade original como povo, ou se são derivações do estado de tristeza geral em que o país mergulhou após o domínio espanhol. É que infelizmente há quem fundamente a identidade nacional neste tipo de cultura-reacção a um trauma nunca superado, que foi o domínio espanhol como coroamento de uma série de catástrofes nacionais, e na submissão portuguesa ao que lhe é exterior, coisa que é historicamente recente tendo em conta o tempo de vida e história do território lusitano. Os efeitos colaterais da subjugação política portuguesa aos espanhóis foram tão devassos e graves que ainda hoje sobrevivem simbolicamente nas mentalidades do povo português, não como algo de que nos orgulhemos, mas como uma espécie de trauma psicológico que precisa de ser urgentemente tratado sob pena de nunca mais acreditarmos em nós próprios, nem recuperarmos a nossa verdadeira identidade. Como reacções que existem para além do factor que as motivou. Como significados cujo significante se apagou no tempo, mas que resiste sob forma de sintoma, difícil de curar, já que se perdeu a consciência da sua ligação à própria causa". (postado anteriormente por Inês no gladio).

Pensamento dos 5 tostões
Em terra de chicos-espertos, os atalhos são a estrada principal.

domingo, julho 15, 2007

O lugar dos livros

Há quem diga que os livros servem de companhia, de amigos, de confessores, de mestres, enfim, de imensas coisas que justamente, mas insuficientemente, se lhes atribui como méritos de uma quase “bengalinha” de que os indivíduos se socorrem face a uma sociedade que muito deixa a desejar nesses “buracos” que os livros supostamente preenchem. Neste sentido os livros assumem o papel de uma espécie de super-heróis contra o “mal”, na sua tarefa silenciosa de segredar ao nosso ouvido palavras que, consoante nos fazem mais ou menos sentido, passam a assumir um lugar na hierarquia dos livros da nossa vida. E quando começamos a ler um livro, enchemo-nos de um Estado de Graça que é a esperança de que aquele livro particularmente nos encha de verdade. Os livros de facto, têm um compromisso com a verdade que é em última instância o seu maior objectivo e projecto de vida.
Contudo nunca pensamos no lado grandioso dos livros, à parte daquilo que pode significar para uma pessoa, no seu papel nas direcções de toda a humanidade, ou pelo menos de algumas sociedades de determinadas coordenadas espacio-temporais. Esta grandiosidade das obras literárias, filosóficas e científicas, particularmente a mim, fazem-me pensar na antiga Biblioteca da Alexandria construída no século III no reinado de Ptolomeu II do Egipto, onde o espólio de toda uma Era histórica registado em milhares de rolos de papiros se foi perdendo ao longo dos seus lendários incêndios e ofensivas até ter sido definitivamente destruida em 646 (1). É quando choramos os nossos mortos que lhes damos valor. E é quando os recordamos que podemos lutar para repor a verdade na sua memória, para que essa memória seja honrada e não deturpada em nome sabe-se lá do quê que dá jeito à hipocrisia política e social que apodrece o nosso sistema.
Há pessoas que são como os livros. Ocupam um espaço humilde na vida, na sua própria vida, para não falar da vida dos outros homens, da sociedade, da sua época histórica. E no entanto assumem um compromisso com a verdade maior do que muitos outros ilustres. Essas pessoas são as pessoas-livros. Encerram conhecimento verdadeiro e o seu papel na vida é serem lidas quando alguém é despertado pela curiosidade. Contudo muitas, apesar disso, ficam toda a vida na prateleira sem serem abertas. Destas pessoas-livros algumas deixam registo post-mortem. Um testemunho dos seus pensamentos. É assim que anos mais tarde, muitos às vezes, alguém pega nesses registos e toma conhecimento da existência de uma pessoa-livro que deixou uma verdade registada para toda a eternidade. E essa verdade, quando é pela primeira vez lida muitos séculos após a morte do seu autor, liberta-se finalmente e passa a ser também a verdade exclusiva de outra pessoa. Os livros têm destas coisas. O escritor escreve apenas uma verdade. Imensas pessoas podem partilhá-la. Mas ela não deixa de ser a verdade exclusiva de cada uma dessas pessoas.
Não há nada tão anónimo como as pessoas-livro. Um livro é apenas mais um livro. Uma pessoa é apenas mais uma pessoa. Um livro é um contrato de verdade de uma pessoa singular, assinado para com a vida.

Este foi o pensamento que me suscitou o desafio do Caturo lançado no Gladius. Foi assim o interesse que nos fez pensar em postar aqui sugestões e comentários de leituras. E dito isto, passo a sugerir um livro. Apenas um livro.

De George Orwell, 1984. Publicado pela primeira vez em 1949, trata-se de um livro que fala do futuro mas que muitas das suas previsões/profecias podem ser encontradas já no presente. Um livro que dá vontade de salvar as personagens pois não nos são, de todo, estranhas a nós próprios. E ainda uma história que temos a certeza ser o lugar da história onde infelizmente temos sido cada vez mais a pouco e pouco conduzidos. Um livro profético sem dúvida.

Boa leitura.



(1) Se este último incêndio foi acidental, como se quer fazer crer, ou se foi fogo posto por um fundamentalista muçulmano, é uma questão que ainda não está bem explicada. O historiador muçulmano Abd al-Latif (1160-1231) escreveu: "A biblioteca de Alexandria foi aniquilada pelas chamas por Amr ibn-el-As, agindo sob as ordens de Omar, o vencedor". Esse Omar se opunha aliás a que se escrevessem livros muçulmanos, seguindo sempre o princípio: "o livro de Deus é-nos suficiente". Era um muçulmano recém-convertido, fanático, odiava os livros e destruiu-os muitas vezes porque não falavam do profeta. É natural que terminasse a obra começada por Julio César, continuada por Diocleciano e outros.
Cf. Jacques Bergier,
Os Livros Malditos. Editora Hemus, 1971.

Democracia qb e ao gosto de cada um

Que a democracia é uma chatice para o poder já sabemos. A Liberdade de expressão tem de ser respeitada pelo poder em maior ou menor quantidade, a sua qualidade de estrela da democracia dá-lhe este luxo. Infelizmente a liberdade de pensamento qual gata borralheira já não tem a mesma sorte, mas apesar dos ataques que ambas vão sofrendo, compreendo o porquê. Faz todo o sentido que o poder se proteja.

Não consigo compreender é quando são pessoas, aparentemente independentes, a dizerem que umas eleições com muitos candidatos "fantasma" são prejudiciais para a democracia. Candidato "fantasma", segundo os mesmos, é aquele que concorre só para aparecer e comer qualquer coisa. Ora a aventesma do PS não compadece do mesmo mal anti-democrático? Ou alguém acredita que é por um gesto de boa vontade que saiu do governo para ir para a CML? Isto faz-me profunda confusão, como é que alguém independente, em principio repito, pode defender um estrangulamento do espectro partidário como sendo positivo para a democracia. Só consigo ver "O interesse" neste tipo de comentários, não acredito que um comentador de tv possa acreditar mesmo nisto, por isso resta a possibilidade de pertencer ao PS. E é nestas coisas que as pessoas são levadas a acreditar no "bicho papão", enquanto os outros comem descansados às escondidas.

Em outra análise, diziam que a abstenção está a crescer em todos os países europeus, o que não é verdade no caso francês. Com a ressalva de depois ter dito, a respeito de outra coisa, que o aparecimento de partidos anti-sistema não é bom para a democracia, como que querendo desculpar-se inconscientemente do erro anteriormente cometido. Pois eu penso de forma contrária, os partidos anti-sistema nem que sejam para levar as pessoas a irem votar, são positivos para a democracia, e que porra, se não quiserem ir votar os ortodoxamente pensantes, deixem então para os outros, pois é isso mesmo que não ir votar representa.

O que não é bom para a democracia é as pessoas que não têm tacho, votarem naqueles que fazem com que tenham uma vida desgraçada, para dar aquilo que era seu e os lugares que deviam ocupar com as suas habilitações, a pessoas menos qualificadas, que fazem parte do partido do "SISTEMA(PS)", e que são favorecidas nos concursos aos lugares públicos. Por isso se quem tem tacho tem razão em defender o seu, o que não é democrático é quem não tem tacho, votar também. Isso só pode querer dizer uma coisa, é que quem se queixa e depois vota PS não é muito inteligente. Por isso é perfeitamente saudável a existência de partidos anti-sistema. E antes do 25 de Abril ia-se para a cadeia pelo que se dizia? A agora não se vai? Antes do 25 de Abril a culpa não era do Salazar mas dos Filhosdaputa dos GNR e dos Pides que ainda andam por aí. A tolerância hoje em dia é a mesma, tirando o facto de que não existe um autoritarismo das policias tão exacerbado, chegando mesmo a ser o contrário, o estado tem menos força por isso é que não vou preso por dizer isto, e claro porque não sou ninguém, porque se fosse, a história era outra. É isto que muita boa gente de esquerda não gosta de ouvir, é que a haver uma nova ditadura, ela será uma ditadura de esquerda, e quero ver os meninos do bloco de esquerda a protestar contra isto, a dizer que são os fascistas da direita. Fascistas só de esquerda pelos vistos.

Bem-vindos ao século XXI. O poder fascista como gostam de dizer é coisa da esquerda, e o socialismo só mesmo na direita.

Comentários da Sic Notícias, um canal que realmente já me pareceu bem melhor no que toca à qualidade jornalística, ao contrário da ideia de que a Sic é a única televisão livre do sistema.

sábado, julho 14, 2007

As coisas do costume

É com coisas destas que eu sou levado a crer que até temos liberdade de expressão a mais. a A critica é saudável, cada um deve ser livre de dizer o que quiser contra quem quiser, desde que assuma com honra as suas palavras e não as manipule. O que se vê acima e pela net é de uma grande falta de carácter, e uma subversão, dado que é um insulto para o nacionalismo, ser associado a um governo socialista. Acima de tudo a este governo socialista que não é minimamente nacionalista.

terça-feira, julho 10, 2007

Deus©

A Igreja Católica foi a única igreja fundada por Jesus. Um documento de Bento XVI, hoje publicado pela Santa Sé, reafirma «a plena identidade da Igreja de Cristo com a Igreja católica».

Depois dos Metallica®, da Coca-cola®, da Nike®, Adidas®, etc., eis que chega finalmente a vez de ser a Santa Corporação® (Igreja Católica®) a tomar medidas contra a contrafacção de deuses. Claro que os deuses são uma questão muito mais complicada, e nem sempre poderão ser visíveis a olho nu (olho excomungado® por se passear desprovido de trajes) as características que distinguem o verdadeiro-deus®.

Sublinhando que o documento hoje divulgado pretende «dar com clareza a genuína interpretação» sobre a constituição da Igreja fundada por Jesus, a Declaração é elaborada de forma singular, em jeito de pergunta e resposta. E logo se esclarece que é na Igreja do Papa de Roma que subsiste «a continuidade histórica e a permanência de todos os elementos instituídos por Cristo». Por isso, conclui que as comunidades protestantes não podem ser consideradas de Igrejas. Porquê? «não têm sucessão apostólica» – aquilo que Roma considera como uma linha sucessória, de continuidade entre os papas, desde S. Pedro – e por esta razão as Igrejas protestantes estão privadas daquele «elemento essencial».

Ficamos a saber que a principal diferença, é além do óbvio documento, é o facto de não haverem apóstolos®, os apóstolos® que criaram a Igreja®. Ficando assim quem não tem sangue de apostolo, condenado ao fogo eterno dos infernos® onde será cozido e a sua carne servida às fatias durante os bacanais presididos por Lúcifer. A não ser claro que se chegue com o tostão para a carteira do santo-sacro-velho-caquéctico-de-roupa-branca®.

Mas uma questão muito pertinente levanta-se desse mesmo fogo que coze de forma lenta e dolorosa a mente daqueles que não têm a cabeça cheia do sacro-santo-vento-do-paraíso® (pelo menos do católico®), para os mais desatentos chama-se a este fogo na linguagem corrente "pensar um bocadinho": Como que raio, é que, um deus® todo poderoso, criador do céu e da terra e de TODAS AS COISAS®, permite esta infâmia de se Lhe® copiarem a Igreja®?

Das duas uma, ou foi vitima da sua misericórdia®, e permitiu os rabianços do demónio, que tenta condenar os pobres seres humanos, incapacitados na sua pobre e misera ignorância de discernir o bem do mal, e neste caso temos a explicação do porquê dos professantes de outras igrejas estarem condenados ao inferno. Ou então as outras igrejas também foram criadas por deus®. Ou pior ainda, talvez sejam igrejas gémeas, separadas à nascença porque eram filhas de um pai rico e mãe pobre chamada Isaura e tiveram de ir viver com as amas, e quando descobrirem que são irmãs, vão viver em paz juntas e mais tarde podem vir a conhecer o seu irmão mais novo, chamado Islão, filho do mesmo pai, porque entretanto a mãe foi morta para encobrir a vergonha do adultério com uma mulher, ser pouco nobre.

Temos telenovela.

Resta saber o que pensam os responsáveis protestantes, quando conhecerem na íntegra o texto agora publicado por Bento XVI, no qual se reafirma que só na comunidade católica reside «a plena identidade da Igreja de Cristo».

Os protestantes prometem protestar seriamente e podem mesmo chegar a criar mais desacatos que os ciganos da feira de Carcavelos.

Cantor vendeu irmã no eBay

A ideia de vender a irmã surgiu depois de a «ver chorar por não poder ir a um funeral na Irlanda», recordou Blunt, uma vez que «não havia aviões, ferry-boats ou comboios» que a pudessem levar até lá.

Em pleno séc. XXI, o homem vive num mundo pós-apocalíptico, dominado pela tecnologia, onde pode surfar no cyber-espaço e candidatos à câmara de Lisboa fazem propaganda no Second Life, mas em contrapartida todos os meios de transporte foram suprimidos aquando dos cataclismos que levaram ao fim do mundo como ele era conhecido.

Aparentemente a única alternativa podia ser realizar o funeral no Second Life.

Como seria de esperar, «as licitações não tardaram e o vencedor tinha um helicóptero, levando-a ao tal funeral». Isto passou-se há três anos. Blunt revelou agora que os dois encetaram um romance, vivem juntos e planeiam casar-se no Verão.

Mas quando tudo parecia perdido, eis que aparece um cavaleiro que tem o último helicóptero e os últimos 3 litros de gasóleo, consigo traz uma equipa de cavaleiros experimentados na caça ao dragão... hmm acho que já vi este filme, mas não me recordo do nome.

Mas Blunt promete mais para os próximos tempos. É que o cantor tem outra irmã e já anunciou que também a planeia vender na Internet.

Estás com azar, eu já vi o filme e só entra uma irmã. Os dragões acabam-se antes de haver segundo casório e o helicóptero também. E tem um tipo com um machado, podes é vender o machado.

Bispos e padres zangados com a Segurança Social

Esta mais tenso do que nunca o clima entre a Igreja Católica e o Governo portugês. Os prelados não têm calado as críticas às políticas económicas que, segundo eles, têm levado ao aumento do desemprego e ao alastrar da pobreza em diversas zonas do País, enquanto o Governo, por sua vez, anda a passo de caracol na regulamentação da Concordata e coloca dificuldades aos acordos com as instituições de solidariedade.

Bem me parecia que eles se iam chatear, mas também é para ajudar os pobrezinhos, temos de dar o desconto.

A gota de água foi o facto de a Segurança Social, em diversos distritos, ter enviado cartas a padres para que efectuassem pagamento das respectivas contribuições, sem que o assunto esteja devidamente regulamentado no âmbito da Concordata.

Ena, coitados dos padres, os jogadores de futebol não pagam e agora os padres é que têm de pagar. Queriam ser os únicos a cobrar o dízimo.

Aliás, nesta questão da Comunicação Social, os bispos entendem que existe, da parte do Governo, intenção deliberada de prejudicar os Órgãos de comunicação de inspiração católica, com destaque para a Rádio Renascença.

Pena que o padre diz que não é clima de guerra, porque se o Sócrates bombardeasse a Rádio Renascença eu até era capaz de ir votar nele.

O Moisés nunca mais vem buscar esta gente esquecida para os levar para a terra prometida.